domingo, 8 de setembro de 2013

D.H. Lawrence





O ELEFANTE ACASALA DEVAGAR

O elefante, aquela besta enorme,
acasala devagar;
dá com a fêmea, e os dois quase dormem
ao aguardar

um quê de cortesia em seus grandes corações
tão lentos de inflamar
enquanto chafurdam nos aluviões
a beber, petiscar,

trombando em pânico pelas brenhas
da floresta com a manada,
ferram no sono por pausas ferrenhas,
acordam sem dizer nada.

Daí lentamente o enorme coração sem medo
enche-se de desejo
até a grande besta trepar, por fim, em segredo,
cobrindo-se de pejo.

Como esses paquidermes nada tem de tontos
já que, a sós, esperam até o fim
o momento em que a ceia está no ponto
de virar festim.

Eles não arranham ou acuam;
seu sangue abundante
move-se, mais e mais, como maré de lua
até se tocarem transbordantes.




D.H. Lawrence; trad. Ruy Vasconcelos








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